Kaidoku funou (2007) / Jinn

SAYONARA-NOSTALGIA
4 min readFeb 1, 2022

So, (I) Can’t Explain.

Kaidoku funou

Esse é o primeiro post dedicado a um single aqui no SAYONARA-NOSTALGIA, e a ocasião não poderia ter sido melhor: 15 anos do lançamento de Kaidoku funou e, consequentemente, 15 anos desde que conheci a banda (e aprendi -bem por cima- o que é arquivo de mp3 de 320kbps)! A música Kaidoku funou foi usada como abertura de algum anime aí, o que inclusive facilitou um show do Jinn em alguma convenção otaku nos EUA há uns anos, porém meu encontro com a banda foi em outra instância: como mencionei no post sobre o PORTAL, isso faz parte da minha despedida dos animes e a entrada definitiva no meio da música (mais ou menos?) indie japonesa.

O Jinn foi formado no Ensino Médio e antes dos 20 anos já estava lançando seu primeiro álbum pela Sony Music Japan (mais detalhes sobre isso no post do fim de fevereiro…). Kaidoku funou foi o terceiro single da banda e é explosivo, cru e passional em suas duas faixas e menos de 10 minutos de duração. É o tipo de música que só pode ser criado bem no pós-adolescência, uma explosão incontida de expectativa, revolta e certezas que só esse início de juventude traz. Penso em algo na mesma linha do Dookie, do Green Day, do Let Go, da Avril Lavigne, ou do Yuugata Generation, do Base Ball Bear. Essa pulsão criativa é reconhecível por qualquer um e, ao mesmo tempo, impossível de decifrar (que, aliás, é a tradução literal do título da música, Kaidoku funou; entendeu? Entendeu o trocadilho? Talvez algum dia você entenda… Pois a b-side desse single é Someday).

Sempre gostei de procurar informações sobre as bandas conforme as conhecia, e algo que me marcou no Jinn foi descobrir que eles eram apenas o terceiro artista a lançar como primeiro álbum major, por uma gravadora grande, uma reedição de um lançamento independente — os primeiros foram, respectivamente, o ASIAN KUNG-FU GENERATION com o Houkai Amplifier (2003) e o SUEMITSU & THE SUEMITH com o Man Here Plays Mean Piano (2006). Quão incrível é lançar um primeiro trabalho tão bom que ganha uma reedição pronta pra ser transmitida pelo país inteiro?

Sou no te ao vivo, lead track do miniálbum Kotosabi no ki. Esse é um dos meus vídeos ao vivo preferidos!

É uma pena que, por sabe-se lá qual motivo, os álbuns do Jinn seja um dos poucos lançamentos pela Sony Japan que não estão disponíveis nos serviços de streaming! Essa dificuldade de acesso remete ao momento da música japonesa em que os conheci, também. Em um domingo de janeiro de 2007, fui à Liberdade com uns amigos. Como de costume, passei na Livraria Sol que, na época, ainda vendia revistas de música. Folheando, vi uma pequena matéria, de uma página, sobre uma banda chamada… Jinn, em katakana; apenas duas letras. Fiquei absolutamente encantado com o site oficial deles ser jinnlove e, ao chegar em casa, comecei a pesquisar mais sobre eles.

Jinn. JUVENTUDE!

Eu estava prestes a começar a faculdade e a vocalista do Jinn, a Hiitan, tinha nascido no mesmo ano que eu. Uau! Fiquei tão feliz e senti uma grande identificação — somos da mesma geração, mesmo estando tão distantes. Poderíamos formar um grupo e compartilhar experiências com outros nascidos em 87 como a YUI, por exemplo. Numa comunidade do Orkut, acabei fazendo amizade com uma menina de SC que havia subido a discografia da banda (um mini álbum e dois singles) no MediaFire — lembro que os arquivos demoraram pra baixar e eram mais pesados do que eu estava acostumado. Ela me explicou que eles estavam na máxima qualidade que um arquivo mp3 poderia ter à época, e foi aí que eu aprendi a sempre buscar downloads em 320kbps. Até hoje, quando converto meus FLACs, escolho esse tipo. Tenho earphones simples, então há uma possibilidade de que 128kbps soem da mesma forma. Mas tem o fator psicológico envolvido.

Esse Kaidoku funou estava prestes a ser lançado, e a banda já havia anunciado o lançamento do primeiro álbum pra fevereiro de 2007. Reuni as letras das músicas num arquivo do Word e me preparei para entender melhor sobre o que elas falavam e… Espera aí. Isso é realmente impossível de decifrar! Esse grau de abstração lírica que está presente em todas as letras do Jinn (assinadas pela banda mas escritas de fato pela Hiitan) permanece ainda hoje além da minha compreensão racional, então apenas fecho os olhos e respiro fundo para ter fôlego de absorver toda essa explosão de empolgação juvenil.

Kaidoku funou ao vivo… você é capaz de decifrar?

(Trivia: em algum lugar da internet, existe um vídeo meu cantando essa música no karaokê em 2017! Ou será que era Raion que eu cantava, o segundo single do Jinn? Enfim, se você estiver curioso, sinta-se à vontade para procurar…)

Feliz aniversário de 15 anos, Kaidoku funou.

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SAYONARA-NOSTALGIA

Queria dizer adeus-nostalgia, amanhã seremos mais jovens do que hoje.