Toumei na no ka kuro na no ka (2012) / Akai Kouen
Tão escuro que fica transparente.
Toumei na no ka kuro na no ka. É transparente ou é preto? Foi com essa pergunta que as meninas do Akai Kouen, com meros 21 anos de idade, lançaram seu primeiro miniálbum pela EMI, após uma acirrada disputa de gravadoras. É um black album, que faz par com um white album, que seria lançado apenas três meses depois. Juntos, os dois mini se complementam, como é esperado.
A história do Akai Kouen é talvez meio curta, mas cheia de detalhes. Felizmente, é uma das poucas bandas japonesas com uma entrada muito detalhada e confiável na Wikipédia, e em português! Peço que, para aqueles que querem saber mais sobre a banda, dirijam-se à entrada apontada.
O miniálbum é estruturado de uma maneira bastante peculiar: são apenas 5 faixas, mas intercaladas por 4 interludes de poucos segundos que servem como ponte entre uma faixa e outra. Assim, olhando a tracklist, temos a impressão de que é uma obra muito maior do que aparenta ser. Eu proporia que, assim como título faz alusão, esse miniálbum representa uma metade do dia: obviamente, a madrugada.
As músicas são bastante soturnas e densas. A bateria é rasteira e presente de forma muitas vezes imperceptíveis; o baixo é forte e marcado, enquanto a guitarra traz eventualmente alguns toques de luz — ou seria de transparência? Há muitos detalhes que podem passar despercebidos a uma audição rápida: suspiros, respirações bem marcadas, um coro delicado, um teclado dedilhado pintando um background de diferentes tons de escuridão.
A letra de Toumei (“Transparente”) é bastante simples e não menos impressionante: “Eu irei colorir / com as minhas mãos / com as solas dos meus pés / você também irá / chame meu nome / chame meu nome”. Durante os quatro minutos da música, porém, esses versos são cantados de formas distintas, acompanhados de um instrumental que sempre muda, até que as trevas iniciais dissipam-se no final, quando a canção finalmente parece pegar ritmo e deslanchar, de uma maneira só, rumo a um lugar definido.
Esse lugar seria o amanhecer? A maior interlude do álbum, a última CRAZY 4 U (’12 winter ver.) sinaliza isso num surto de animação repentino que vai contra a toada do álbum até então. Finalmente, chegamos em Seikimatsu (“Fim de século”), de longe a música mais colorida da obra. E pra onde a manhã nos leva?
Isso fica para a segunda parte dessa obra, a ser resenhado em breve…
Feliz aniversário de 10 anos, Toumei na no ka kuro na no ka.
Ouça: Spotify, Apple Music.
